Um lindo lago azul apareceu depois de muitas horas no deserto: era o lago Carreras, nome que recebe do lado chileno - ou lago Buenos Aires do lado argentino - este lago enorme pertence aos dois paises.
Chegamos na hora do almoço, comemos um lanche e montamos as bikes para atravessar a fronteira. Pedalamos uns 6km somente e chegamos a Chile Chico. Alí nos hospedamos em um albergue da juventude que estava vazio e era barato.
No outro dia chegaram bikers de vários países para fazer o mesmo percurso que a gente: eram chilenos, alemães, australianos, americanos ... O albergue virou uma conferência mundial, com muita troca de informações, músicas, dicas....
Na manhã seguinte pegamos um barco para atravessar o lago. Ventava muito e isto fez que o lago tivesse altas ondas. Pisando em terra firme, lá foi aquele monte de bicicleta pela estrada. Parecia uma competição. Andamos pouco aquele dia porque o vento contra nos atrapalhava bastante. Nosso objetivo era chegar a VILLA CASTILHO. Acampamos no meio do caminho junto com os chilenos. Eles eram safos: não levavam quase nada de bagagem. A roupa era uma única peça para dormir, pedalar.... A barraca era chilena mesmo e, como chove um pouco nesta época, era coberta com uma lona para prevenir possíveis goteiras. Passamos uma noite agradável à beira da fogueira trocando papo furado.
Logo que o dia amanheceu, pé na estrada rumo norte. Nossa idéia era de percorrer uns 1500 km pela CARRETERA AUSTRAL em 40 dias mais ou menos e tinhamos que pedalar quase todos os dias pelo menos uns 50km. Não é muito, mas as vezes tínhamos que atravessar a CORDILHEIRA DOS ANDES e aí eram 50km morro a cima.
Na Carretera você encontra muita gente viajando de bike. Muitas estão vindo de uma viagem de 2 anos, sairam do CANADA em direção a USHUAIA, no extremo sul da ARGENTINA.
Viajando conosco estava um casal de austríacos que estava iniciando esta viagem em CHILE CHICO e indo para o CANADA. Eram bem simpáticos e no caminho viramos bons amigos.
A carretera passa por várias vilinhas. É costume colocar uma placa dizendo quantos habitantes moram alí. Passei por uma que dizia que eram 150 pessoas. A cidadezinha era no alto de uma montanha rodeada por bosques. Acampávamos a onde queriamos, no CHILE os mochileiros sempre são bem vindos. As vezes nem montávamos a barraca, acampamos em beira de lago, em bosques, garagem, galinheiro...
Tentávamos pescar truta sempre que dava, mas nunca pegamos nada, a não ser uma enorme árvore que fugiu com nossa isca. Encontramos pelo caminho um pescador muito bom que tinha saído dos ESTADOS UNIDOS especialmente para pescar no CHILE. Viajava de carona e dormia como a gente, onde fosse muito barato. Naquele dia o encontramos na beira de um lago onde tinha pescado várias trutas as quais, infelizmente, já tinha mandado para o estomago.
Mesmo viajando, domingão é domingão. Nestes dias sempre tirávamos folga para ficar ao lado de um lago, tentando pescar ou fazendo picnic. Num domingão destes aconteceu um programa de índio daqueles. Eu estava quase hibernando depois de ter comido um porco inteiro no almoço seguido de uma lata de doce de leite, quando Renato, insatisfeito com sua pescaria, resolveu pedalar mais um pouquinho até um outro lago. Consultou o mapa e viu que tinha um outro logo ali perto. Fui a contra gosto chingando até as moscas. Pedalei, pedalei, chinguei, pedalei e descobrimos que o mapa estava errado: o "pertinho" estava a mais de 100 km. De quebra, como dizia o poeta, no meio do caminho tinha uma pedra, uma big montanha e já estava escurecendo. O lugar era lindo. No alto da montanha estava coberto de neve. Ladeira abaixo descemos sem enxegar a estrada na escuridão. Não sei o que deu no RENATO para querer fazer isto em pleno domingão!
Passamos pelo PARQUE LOS ALECES na Argentina. Alí andamos apenas uns 15km por dia. Era muito lindo: vários lagos, cada um mais belo que o outro. Acabamos acampando em muitos deles. Foram dias de vida preguiçosa. Escreví várias coisas em meu diário de bordo sobre a vida, a lua e as estrelas refletindo nos lagos. Que dias maravilhosos foram aqueles! Sempre que eu via a sombra da minha bike entulhada de coisas e me via em cima dela, me sentia realmente muito feliz. Eram dias de ouro e o eu sabia disto.
Nossas bicicletas eram nacionais, simples e, pelo que pude ver com os outros bikers que encontrei pelo caminho, é este tipo de bike que aguenta o tranco. Se você tem uma bike muito sofisticada terá muita coisa também para quebrar e será mais difícil de arrumar pelo caminho. Pela pesquisa que fiz entre os viajantes, a melhor bike é a de aço, porque é mais forte que a de alumínio e em qualquer lugar você encontra quem a solde em caso de quebra. As marchas devem ser as simples, que você mesmo consiga arrumar (vale a pena dar um pulo no bicicleteiro antes de viajar, para aprender a desmontar e limpar o câmbio). Isto não quer dizer que uma bike com amortecedores, câmbio automático não seja uma boa, mas se quebrar é bom você saber arrumar.
Sair viajando por aí é o sonho de muitos. Sempre encontramos coisas para nos prender. Sei que se desprender destes tais "compromissos" requer arte, a arte de saber o que você quer para sua vida e lembrar sempre que os anos passam rápido demais e um dia sua vida também. Escolhi para minha vida viver segundo os ensinamentos de Bob Marley, sem problemas. Tentar ser feliz e lutar para os sonhos se tornarem realidade.
Existem várias rotas por estradas de terra com pouco fluxo de carros e cheias de lagos andinos e montanhas cobertas de neve.
O verão é a época certa para isto, mesmo assim na parte sul do CHILE e ARGENTINA venta bastante chegando as vezes te derrubar da bike. O guidão apropriado para este lugar é de apoio em baixo, tipo de corrida, porque diminui o atrito com o vento.
No CHILE, o verão é época de chuvas. Se isto começar a ficar chato, atravesse para a ARGENTINA, onde chuvas são raras nesta época do ano.
Tem várias rotas boas. Eu recomendo algumas como:
CHILE CHICO a CHAITÉN.( CHILE) CHAITÉN a TREVELIN a ESQUEL (CHILE e ARGENTINA) ESQUEL a BARILOCHE (ARGENTINA) BARILOCHE a SAN MARTIN DE LOS ANDES(caminho dos sete lagos)ARGENTINA. SAN MARTIN DE LOS ANDES a VILLA RICA (ARGENTINA a CHILE)
#bike com marchas,pelo menos de 18 marchas, encrontrei pessoas com somente 10 mas sofriam um pouco. #bagageiros trazeiros e dianteiros: o dianteiro é muito importante para equilibrar o peso. Sem ele você vai sofrer um pouco quando pegar ventos fortes e subidas ingrimes. #Barraca tipo iglu que aguente ventos fortes, que seja leve, meia estação. #Saco de dormir que suporte 0 graus e isolante térmico. #ferramentas para montar e desmontar a bike e algumas peças de reposição tipo câmara, pneu, cabo de aço do freio, corrente extra. #guia rodoviário da região. #Capa de chuva e plásticos para ensacar suas roupas em dias de pé dágua. #Roupas leves e quentes, luvas, cachecol, casaco de nailon, shorts, boné e capacete (na terra, as quedas são inevitáveis). # Fogareiro e paneleiro. Não recomendo o Yanes. Existem uns bons a álcool, com proteção contra o vento e vem junto o paneleiro. Se você quiser um mais rápido, os da MRS a gasolina são exelentes. #Kit de primeiros socorros: Espero que não precise, mas é sempre bom um gelol, remédio para dor de cabeça, diarréia, protetor solar, manteiga de cacau... #Walkman: ouvir música num por do sol a beira de um lago as vezes enche a alma de alegria e faz a gente viajar um pouco mais, mas não leve a coleção inteira, senão você não vai ter espaço para colocar os itens acima.
Boa sorte mano, você está equipado para esta aventura.