O julgamento de Socrates e a Agora de Atenas
A Ágora ateniense, no inicio, era um ponto de encontro entre
as pessoas na Atenas antiga. Depois, naturalmente, se tornou o ponto
de trocas comerciais - o mercado - da cidade. Alí acontecia
praticamente toda a vida da cidade, comercial, social e cultural.
Agora de atenas - escavação arqueológica
Socrates, o filósofo, estava diáriamente
na Ágora (sim, os gregos também tinham um Sócrates
e ele também era filósofo, embora não jogasse
futebol). Alí ele trocava idéias com amigos e pensava
sobre as coisas da vida, da política, da ciencia e da religião
(naquela época os filósofos eram menos especializados
que são hoje).
As sessões de filosofia e a liberdade com que Sócrates
falava de todas as coisas, terminaram atraíndo a ira da elite
local contra ele. Os gregos acreditavam que havia um estoque limitado
de idéias, e que caras como Sócrates já tinham
pensado a maioria delas. De fato, a obra de Platão, constituída
em boa parte pelos diálogos de Socrates, é mais grossa
que a biblia !
Naquela época (399 AC) Atenas vinha passando por tempos
difíceis e as críticas repetidas de Sócrates
aos governantes e a própria democracia irritavam os poderosos.
Um jovem ambicioso chamado Meletus liderou a perseguição
ao velho filósofo.
Socrates foi acusado de ser "instrumento do mal, subversor
da juventude, que não acredita nos deuses e inventor das
próprias divindades". Este é um tipo de julgamento
que ocorreu muito ao longo de toda história: uma perseguição
religiosa com motivação em mesquinhos interesses políticos.
O julgamento e a execução de Sócrates provavelmente
ocorreram na Ágora ateniense. O juri era constituído
de 501 jurados (eles levavam a democracia a sério). Ao invés
de usar sua oratória eloqüente para defender-se das
acusações, Sócrates preferiu questionar a base
da acusação contra ele. Talvez tenha sido um grande
erro. Ele terminou sendo condenado por uma margem estreita.
Após ser condenado, os Atenienses usavam a democracia mais
uma vez para determinar a pena. Sócrates sugeriu de forma
irônica uma multa mínima, enquanto que seu acusador
pediu a morte. O juri votou novamente e decidiu - por 441 a 60 -
que se um homem era culpado, ele deve ser punido [com a morte].
Após o julgamento, amigos sugeriram que Sócrates
fugisse. É provavel até que seus inimigos esperassem
que ele fugisse e se auto-exilasse. Mas ele preferiu ficar e ser
executado. Essa é talvez uma das primeiras execuções
exclusivamente por defesa de idéias.
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A execução era feita com um veneno chamado
sicuta. O carrasco sugeriu que Socrates ficasse quieto enquanto
o veneno fazia efeito, para seu fim ser rápido. Se
ele ficasse falando, o veneno demoraria mais e seria mais
doloroso. Ele então disse: "pois traga bastante
sicuta, que tenho muito a dizer". E morreu falando aos
70 anos, como tinha feito em toda a sua vida.
Este busto, esculpido após sua morte, reproduz as
características principais de Socrates, conforme descritas
por Platão: um pouco careca, nariz grosso e testa proeminentes.
Especula-se que, quando criança, o autor desta escultura
tenha conhecido Sócrates.
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